terça-feira, 22 de maio de 2007

minha vida é tão perfeita
que temo por acreditar
em ser verdade

sou um acessório opcional
a parte
usam-me quando cabe
quando combina
com o que já vestem

não dito regras
e mesmo que haja
não as sigo
não sinto
só reproduzo
o que fazem em mim sentir

hei de superar a poética do lamento
se de fato for enfim meu intento

como hei de agir sem saber
hei de saber sem sentir?
e de sentir sem estar
de estar sem ser
ser sem criar
criar sem agir
agir sem saber

a plenitude me aguarda
persistência que estraga
mas se é para passar o tempo
sou história mal contada
ficção inventada
sem base concreta
porém inegavelmente convincente
se fosse ilusão
atravessaria paredes
e não
entrava pela porta
sem bater
não acredito em nunca mais
até hoje todos eles
se contra disseram

embora o pobre bom senso
avisa me para afastar ou sofrer
(desperdício útil)
idéia preconcebida no tempo
custa esgotar e morrer
(desconsolo fútil)

navega na podridão
conformada
questiona se a mim quase que criticando se

sinto como sentes em ter carência
e não querer nada de novo
nem de velho
só talvez que o tempo volte
fechar a porta
apagar a luz

eu não sou assim
eu não sou esse amor volúvel
que possa transparecer

como não haveria de ser confuso
não fui feito para sentar e escolher
só possuo um maldito imã
espiritual ou seja lá o que
que me cerca das mais maravilhosas

como não saber se
a metade
versa sobre
outra metade

como não dizer que
na verdade
nunca houve
uma verdade

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