sábado, 14 de abril de 2007

Sufrágio

Está nas ruas a minha primeira publicação
apreciem com moderação


aguardo um instante
de inexistência
que pressinto breve será
há de vir
sem se esquecer da calma
que por instinto veio a calhar
segundos se espremem
para caber no relógio
tanto se atrasa quase é pontual
rasas poças de água
mal encobrem o dilúvio
que dentro de mim ansioso goteja
e acha o mundo acabada pintura
ainda quer escolher a moldura
assim é uma tela em branco
toda disforme sem encanto
suga as tintas da aquarela
como a cera escorre da vela
inevitável
como o crepúsculo passado
um sonho acordado
tarde demais
jamais



de tão vazio
sinto-me como se
a própria compreensão
me desconhecesse
como se tirando eu
todos no mundo tivessem
de ser entendidos
como se as necessidades
que todos clamam não sejam
em silêncio também minhas
abala-me maneira que sou visto
avesso daquela que só enxergo
faz parecer ser eu o problema
e saio sem falar (as respostas)
com a certeza de que elas
subiram num telhado maior
que teriam força
para levantarem
se perderam
na própria convicção
daquilo que um dia quis
e voltarei quem sabe a querer


é sempre assim
após o ápice só resta
a infindável descida
ao fundo do poço
mais repleto de luz
pela enferrujada escada espiral
que range a cada passo
como se fosse por acaso
e esse rangido se confunde
com os gritos que chamam
vindo do alto tão escuro
incomodado fecho olho com força
como se fizesse descer mais rápido
por um caminho circular inconcluso
aonde se acha que quer chegar
(na incerteza de não estar)
e os todos os problemas são balões
amarrados a mim
urgindo levar-me ao topo sombrio
só planos a desfazer pesam pra baixo
enfim, se há uma resposta para isso
prefiro perdê-la em tentar me achar
do que perder-me
sem sequer a encontrar


cale a boca!
não quero ouvir voz
sentir vento
ver luz
só quero ficar sozinho
eu e meu sentimento
de falso conforto
abraçar travesseiro morto
e imaginar estar contigo
confortar saudade por completo
mais só em pensamento
falhar em tal ato por intento
abraçar cada vez mais forte
como se ajudasse me levar a ti
quanto mais forte mais perto
só que uma hora cai a ficha
como caem da cama os lençóis amassados
derrubados pelo ímpeto
da agonia de não estar com você
sofrendo em silêncio
reverberam estrondos dentro de mim
escapam dentre os suspiros
gemidos de saudade
se sonhar acordado era tudo
que até hoje fazia
dormiria só umas duas horas
acordaria ao teu lado
ainda no escuro
mais já quase alvorada
e sem sono perceberia
dentre a dor da ausência
inspiração.



rabisco em vão no completo escuro
não sai um verso sequer, só lágrimas
risco quase uma dúzia de folhas
ensopadas pelo pranto incessante
nada que escrevo me agrada
por que é que a alguém agradaria?
os que lêem e dizem que gostam
só gostam
porque gostam de mim
o que escrevo
são apenas palavras
saindo da minha boca
mas só quem me ouve
me fala de que eu quis dizer
e lembra que sou um poeta frustrado
porque não conto o que sinto
mais sim o que acho que sinto
pois acabaram as dúvidas
acordei para o melhor dos sonhos
concreto
tangível
agora
só esqueci que sozinho não posso
porque quando nasceu a cumplicidade
prometi nunca deixá-la
seja com quem estiver
por isso que
desconfio
nunca será inferior a perfeição

13/04/07

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Arthur Roberto Pereira Lima de Souza
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