sábado, 2 de janeiro de 2010
terça-feira, 22 de maio de 2007
aquilo que sinto
sempre tem sido
agora supérfluo
acaba-se
antes
de
começar
suor frio
me refresca
ardendo
todo o foco
vai se perdendo
aqui e em qualquer lugar
ah se elas soubessem
o que perdem para sempre
esgotariam-se em arrependimento
e eu me acabaria em perdão
não há motivo para não ter confusão
nem o divino é tão convícto
queria poder a tudo esquecer
ou fingir que não houve
mas não posso meu outro eu é mais forte
aquele que escolhe sem os olhos
e só me avisa quando não há tempo de voltar
a terceira dose é fatal
confina-me a própria solidão
renegam me diariamente
como quem soca
três vezes a madeira
pra livrar-se de mau presságio
e expurgaram minha presença
banindo do algo
o pouco que sou
enquanto duro
só a mim referem
quando em delírio
se corrompem
é certo que sou
tão bom para ser
verdade concreta
minha virtuosidade assusta
até o mais ingênuo
do meu silêncio se alimenta
o maior dos estrondos
o melhor dos espelhos
envergonha-se em não conseguir
a mim reproduzir
todas as pestes
e todas as pragas
hão de amaldiçoar
os que abusam de minha boa vontade
ofusca-se a deturpada visão
porque nunca quis ver
hei de superar a poética da auto flagelação
a dúvida é se após isso ainda terei coração
ou me tornarei mais um desses cegos infames
sem lembranças do que um dia enxergava
abria mão de si e nada esperava
em troca só o que enfim
não se mantesse
ou não voltasse a se manter
quem me dera um dia inteiro
para sentir saudade só do que nunca tive
duas voltas do ponteiro menor
e completas
sem pensar no antes no agora no depois
fazer de um instante
só isso nada mais
nada além do facilmente visivel
nada longe do que posso predizer
se nunca foi porque hoje há de ser
cada vez que se repete o ciclo
tudo é inédito
só as sombras já não me são estranhas
piso cada vez mais firme
mesmo tendo me tomado o chão
enxergo muito além da superfície
que turva nossa fosca visão
passaria eternamente sem ter escrito
mais a eternidade não passaria
se escrita não fosse
por isso que tudo que passa
um pouco fica
como cicatriz desbotada
que nunca chama atenção
quando atenção para mim encontrar
sumo sem noticia dar
corro e fujo do meu lugar
pra enfim construir outro lar
nunca mais escondo a cara
continuarei fazendo com que todos
escondam as suas
como sempre foi
temam me pois até eu me temo
sendo um como se fosse só
sendo e tendo tudo
mas tendo e sendo em vão
como haveriam de ver
o que não mostro
pois é segredo?
sei tão bem esconder
como sabem esconder em mim
só que sempre acho pouco
se fosse para ser bom e o bastante
não seria na rua e de graça
queria que esses versos
me trouxessem de volta
o verão
não o de nossa ardua discórdia
mas o de teus verdes olhos
contemplando-me logo ao amanhecer
fazendo-me sentir como em um parto
esquecendo toda lembrança
antes daquele momento
maravilhosamente nosso
que eramos mesmo que pequenos
criavamos mundo nas mãos
nada tinhamos pois nada queriamos
e verdadeiramente assim
apenas por nós nos bastavamos
foi-se o verão
assim como foi-se o encanto
da nossa convergência de sonhos
que agora só se dá por concessão minha
já não é a impetuosidade expontânea
que me fazia são deilirar
já não arde nem quando acorda
nem quando discorda
saturei-me deste fogo frio
e libertando-me cresci tanto
que já não caibo no meu corpo
transbordo pela boca a essencia
que escarro em disperdicio
pra evitar atraso por sobrepeso
são cerca de três horas
esta hora costuma nascer
os poemas que mais gosto
mas acho que este não é o caso
não como semana passada
não como a um mês atraz
enfim o que explica essa
enganosa relação temporal
entre meu gosto e a inspiração?
talvez porque nunca tenha
olhado de fato o relógio
so dito
ah devem ser umas tres
explica tão bem que me cala aos berros
falando muito sem querer nada dizer
há de fato alguem a entender
estas linhas não estas últimas
mas o conjunto delas
relacionadas a ausência
do exclusivo
do único
e do normal
minha vida é tão perfeita
que temo por acreditar
em ser verdade
sou um acessório opcional
a parte
usam-me quando cabe
quando combina
com o que já vestem
não dito regras
e mesmo que haja
não as sigo
não sinto
só reproduzo
o que fazem em mim sentir
hei de superar a poética do lamento
se de fato for enfim meu intento
como hei de agir sem saber
hei de saber sem sentir?
e de sentir sem estar
de estar sem ser
ser sem criar
criar sem agir
agir sem saber
a plenitude me aguarda
persistência que estraga
mas se é para passar o tempo
sou história mal contada
ficção inventada
sem base concreta
porém inegavelmente convincente
se fosse ilusão
atravessaria paredes
e não
entrava pela porta
sem bater
não acredito em nunca mais
até hoje todos eles
se contra disseram
embora o pobre bom senso
avisa me para afastar ou sofrer
(desperdício útil)
idéia preconcebida no tempo
custa esgotar e morrer
(desconsolo fútil)
navega na podridão
conformada
questiona se a mim quase que criticando se
sinto como sentes em ter carência
e não querer nada de novo
nem de velho
só talvez que o tempo volte
fechar a porta
apagar a luz
eu não sou assim
eu não sou esse amor volúvel
que possa transparecer
como não haveria de ser confuso
não fui feito para sentar e escolher
só possuo um maldito imã
espiritual ou seja lá o que
que me cerca das mais maravilhosas
como não saber se
a metade
versa sobre
outra metade
como não dizer que
na verdade
nunca houve
uma verdade
sexta-feira, 18 de maio de 2007
por não conseguir
de fato existir
sem tua paixão
esgoto-me para mudar
destino perverso e cruel
sem ensaio interpretar
o mais difícil papel
e ainda co-dirigir
a mais subversiva peça
toda dor suprimir
enquanto tiver pressa
trânsito dos astros
que hoje me enlouquece
em breve favoresse
o andar dos meu passos
até lá sou eu
quem a cara esconde
se a ti constrange
uns poucos versos
que passam pelo filtro
da minha vergonha
imagina ter noção
das frases brutas
que me brotam
ainda cruas
adequar-me-ei a forma
untada em lágrimas
para ao esquentar
não grudar
prepotência minha
já escolhi o programa
ainda quero escolher
o método
não que minha situação
não me permitisse
ainda guardo em libra
minha vênus
recolho a minha ínfima
e distante posição
incompreendido como nunca
rejeitado como de costume
questiono-me acerca de decisões tomadas
teria me precipitado?
como havia de constriuir
algo de normal
com gente tão superior?
como havia de passar
pelo crivo do cotidiano?
não gosto de forçar um poema
de espreme-lo do cérebro
até que escorra pro papel
mais este foi o contrário
ele que debatia-se em minha cabeça
matutando um incessante escreva-me
perturbava-me como uma paixao a florescer
vou sumir denovo
para refazer o censo
dos que sentem minha falta
e queria em vez de voltar
convida-los para onde estarei
erro
o meu intelecto está fechado para manutenção
o banco de metáforas está sofrendo atualização
todo o conteúdo do poeta será permanentemente apagado
este poema cometeu uma operação ilegal e será terminado
quinta-feira, 17 de maio de 2007
noite fértil
degenero-me a cada segundo
que passo na ausência
de tua compania
como tão poucas palavras
num comentário tão simples
que rejuvenece me movendo
enchendo de esperanças
(não só na poesia)
podem tanto significar?
achava que seria um outro
desperdício, um vão esforço
mas vejo que aos poucos
a semente germina
se indignando
por termos na lua
a mesma debilidade
entendendo o outro lado
aprendo pela pedra
dura pena que sentenciei
a outras no passado
amores que sequer liguei
declaravam-se loucas
e eu nem as ouvia
arrependo-me de poucas
diferença não fazia
reconheço ter errado
em suma ter no mínimo
cometido equívocos
deveria ter dado chances
para que elas nunca me fossem negadas
será que todas mereceriam?
e eu? será que mereço?
e o mérito? para que há afinal?
se julgas os teus como julgo as minhas
estou fudido
primeira vez
primeira vez que te vi
tava dando uma pressão
tão neurótica que
nem me lembro de ti
não lembro de nada do que era
só que muito me atraiu
e morro hoje
com essa eterna intriga
não sei dizer se me apaixonei
na verdade não sei nem
se assim mesmo foi
só sei que era interessante
o suficiente para
perturbar meu juízo até hoje
tanto que te eternizo
ó musa desconhecida
na transitoriedade de meu verso
queria ser a lágrima
que escorre rasgando
a ultima seda
sem desperdício
me poe entre
continuar o poema
ou aperta-lo
não levantaria
para pegar outra
nem que não tivesse
de correr o risco
de te acordar
ou de chorar
novamente
ao te ver
queria ser o verso da folha
do mesmo poema
o nosso
mas não leria
o final da história
para não perder
o poder de não saber
e muda-la
relato do inédito
caramba, nunca havia um dia na vida sentido duas emoções tão fortes, tão distintas e tão opostas. uma se tornando mais intensa que a outra, como que numa disputa, oscilantes viradas e desviradas da balança que duraram um imenso corredor.
sentia alegria mais profunda, sincera e gratificante do universo, pois quem mais amo ao meu lado me conta a realização, eufórica, da maravilha performática que presenciei com orgulho.
mas ao mesmo tempo senti o indescritível vazio que se escondia por tráz de tão pura alegria, o lamento de não me deixar te recompensar a altura. desgasto-me afastando de ti a energia estranha que é liberada quando por respeito me contenho nas frequêntes e extremas vontades que tenho de te arrancar de onde está e te levar as alturas. se hoje ainda consigo chorar é porque cada dia me apaixono mais, por ti e por tua criação que me inspira em todos sentidos e a todos os momentos de minha vida.
poema de merda
adormeço com idéias
que faço em sonho
digestão
acordo na certeza
de o que defeco
não apodrece
terça-feira, 15 de maio de 2007
fração nenhuma contempla
a angustia
lembranças não bastam
os pés já são bem maiores
multiplos pólos
só existem
pelo equilíbrio
e dos opostos
perfeição desfila na minha frente
me exigindo postura
poema nenhum ameniza meu pulso
sem compasso e latejante
conto as horas para o dia
em que já não mais aguentarei
responsabilizarei o acaso
enquanto a utopia permanecer perdida
quero nunca me orgulhar de estar sozinho
em tempos onde era mais fácil
ser fútil e oportunista
permaneço quietamente alinhado
quando poderia me juntar a nobreza
dar meus inimigos de comer aos leões
mas não cometo tal fraqueza
minha essência não está a negócio
não há preço nesse mundo que a pague
não há troca que a supere
nem por múltipla quantidade
se me vender é porque estou
já convencido do contrário
e terei respostas vivas
como sempre tive
para cada pergunta
que houver em mim
não tema em pedir
sabe que por ti
farei sempre mais
e melhor
do que antes
pois teu agrado
muito me agrada
teu sorriso
a tudo compensa
teu agradecimento
me glorifica
e o enlace de nossos desejos
se encontra muito além
do infinito
segunda-feira, 14 de maio de 2007
a segurança formava fila
enfileirado estava
só mais um dentre outros
indignado esperava
um
convite lá na frente entregava
outro
por debaixo do braço entrava
aqui
devagar a fila andava
deixava meu lugar por instantes
pra resolver assunto passado
voltando via a mim mesmo
indo em sentido contrario
mais longe de chegar estava
sabia que se me ausentasse
meu lugar nunca seria guardado
tempo passava e não muito faltava
quando que surge uma voz
dizendo só mais um
e bem lá de traz
eis que vem
o ultimo a entrar
pior do que o medo de falar a verdade
é o medo de desvenda-la
a racionalidade não presta
e nem cabe usa-la
só vale o que se é que sente
se é que vale
vou seguindo bem descontente
antes que fale
a musica já não mais soa como se me entretesse
o verso já não mais rima como se me movesse
a esperança perecida ressucita mais uma vez
para morrer no parto normal
eu desconsolada testemunha de tudo tenho que agir
como se fosse fato natural
quem me dera ser poupado de fato
das agonizantes e impetuosas comparações
mais enquanto isso lhe perdoo
por ser tão boa que também me dava medo
de falar ate talvez ser tarde...